ANTÔNIO Alves
Jornalista | ASCOM/SINTECT-PI
Acapital do Piauí reverbera um conflito aberto entre trabalhadores, empresários e governos (Estadual e Municipal) que representam um conflito de interesses dos trabalhadores contra burguesia oligárquica de Teresina. A temperatura da luta de classes subiu, tivemos greves de diversas categorias: rodoviários, servidores públicos da educação e trabalhadores que lutam por moradia.
Os trabalhadores rodoviários (motoristas e cobradores de ônibus) estavam sendo atacados desde 2019. No início da pandemia, o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) aproveito a fragilidade da categoria e impôs a retirada de vários direitos, acabando com o plano de saúde, redução dos vale-refeição e o pagamento dos trabalhadores como horistas (pagando apenas pelas horas trabalhadas de forma corrida).
Os rodoviários passaram a viver um pesadelo, tendo que sobreviver com vencimentos que não passavam na prática de 1/3 do salário que recebiam antes da pandemia. Entre idas e vindas numa disputa judicial, o SETUT ia minando a força do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários (Sintetro).
A luta, mobilização e solidariedade de classe
Em 2022, o processo de luta, organização e solidariedade de classe fez um avanço gigantesco para a classe trabalhadora no Piauí. Os rodoviários conseguiram avançar na luta e realizaram uma greve vitoriosa que durou 23 dias. A greve ocorreu no mesmo momento em que se intensificava a luta dos trabalhadores municipais da educação em Teresina, organizados e articulados ao redor do Sindicato dos Servidores Municipais (SINDSERM). A luta, mobilização e solidariedade de classe conseguiu reestabelecer os direitos retirados nos últimos 03 anos dos rodoviários.
Para os servidores da educação, a luta prossegue. No último dia 07 de maio a greve completou 60 dias de luta e aprendizado para os servidores da educação municipal. O SINDSERM vem organizando atos, passeatas, aulas públicas e educando a categoria sobre a luta de classes. Pois a gestão do Drº Pessoa/Republicanos (como é conhecido o prefeito) negligencia a educação municipal, desvaloriza os trabalhadores da educação e não quer pagar algumas conquistas da categoria que fazem parte da Lei Nacional do Piso do Magistério.
A prefeitura não realizou o rateio do FUNDEB e não quer pagar o piso salarial nacional da categoria. A soma das duas rubricas que o prefeito deixou de pagar podem chegar a R$12 mil reais por trabalhador.
No governo do Estado, Wellington Dias/Regina Sousa (PT), atacam os professores Estaduais. A categoria deflagrou greve no dia 23 de fevereiro de 2022. A reivindicação dos trabalhadores é sobre a reposições salariais de 2019 (4,17%), 2020 (12,84%) e o reajuste de 2022 (33,24). O Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica do Piauí (SINTE-PI) está numa luta encarniçada. Pois os ataques e restrições contra os professores/as vem aumentando e buscando desencorajar a categoria que vem resistindo bravamente.
Os movimentos foram duramente reprimidos no dia 15 de março
Os movimentos por moradia na capital piauiense também estão na luta. As comunidades da Boa Esperança (Zona Norte); Ocupação Núcleo Universitário (Zona Leste); Ocupação Vila Campino (Zona Sul); Ocupação Manoel do Morro (Zona Rural); Ocupação Lindalma Soares (Santa Maria da Codipi/Zona Norte); Ocupação Vila Boa Esperança (Jacinta Andrade/Zona Norte) organizaram uma caravana para negociar com a prefeitura sobre a regularização fundiária, assistência social e obras emergenciais contra alagamentos e drenagem. Porém, foram duramente reprimidos no dia 15 de março, sendo recebidos pela PM com cacetes e bombas de efeito moral.
O que chama atenção diante desse balanço inicial sobre a luta da classe trabalhadora em Teresina é a forma de luta organizada com base na solidariedade entre os trabalhadores. O que vem fortalecendo os laços de resistência aos assédios e perseguições. Ao mesmo tempo, fica nítida a formação social dos poderosos em Teresina, pois é perceptível os laços de poder e interesse das elites.
A classe trabalhadora vem avançando no Piauí, se articulando em Teresina e fazendo história e luta diante do cenário desafiador de combate ao fascismo no governo federal.
Em retaliação as greves dos professores no Estado e Município, o judiciário impôs uma multa aos sindicatos, porém, não fez um ato de advertência aos gestores que não cumpriram a Lei do Piso do Magistério. Os trabalhadores rodoviários passaram 03 anos sendo massacrados, mas a justiça nunca deu ouvidos as demandas dos trabalhadores por que nenhum magistrado ou membros da burguesia local não precisarem pegar o transporte público. É impossível a prefeitura receber com bombas e balas de borracha aqueles abastados que vivem nas áreas nobres da cidade.
A classe trabalhadora vem avançando no Piauí, se articulando em Teresina e fazendo história e luta diante do cenário desafiador de combate ao fascismo no governo federal e na batalha diária contra a burguesia oligárquica na capital do Estado.
Viva a luta da classe trabalhadora!
Viva a força do povo !
“…opressores e oprimidos, estiveram em constante oposição uns aos outros, travaram uma luta ininterrupta, ora oculta ora aberta, uma luta que de cada vez acabou por uma reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou pelo declínio comum das classes em luta.”
Karl Marx Manifesto do Partido Comunista